Um fado
Fado Do Campo Grande | Carlos do Carmo Música: António Victorino de Almeida Letra: José Carlos Ary dos Santos | |
A minha velha casa, por mais que eu sofra e ande, é sempre um golpe de asa, varrendo um Campo Grande. Aqui no meu país, por mais que a minha ausência doa, é que eu sei que a raiz de mim está em Lisboa. A minha velha casa resiste no meu corpo, e arde como brasa dum corpo nunca morto. A minha velha casa é o regresso à procura das origens da ternura, onde o meu ser perdura. Amiga, amante, amor distante. Lisboa é perto e não bastante. Amor calado, amor avante, que faz do tempo apenas um instante. Amor dorido, amor magoado e que me dói no fado. Amor magoado, amor sentido, mas jamais cansado. Amor vivido meu amor amado. Um braço é a tristeza, o outro é a saudade, e as minhas mãos abertas são chão da liberdade. A casa a que eu pertenço, viagem para à minha infância, é o espaço em que eu venço e o tempo da distância. E volto à velha casa, porque a esperança resiste a tudo quanto arrasa um homem que for triste. Lisboa não se cala, e quando fala é minha chama, meu castelo, minha Alfama, minha pátria, minha cama. Amiga, amante, amor distante. Lisboa é perto, e não bastante. Amor calado, amor avante, que faz do tempo apenas um instante. Amor dorido, amor magoado e que me dói no fado. Amor magoado, amor sentido, mas jamais cansado. Amor vivido meu amor amado. Ai, Lisboa, como eu quero, é por ti que eu desespero. |
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